sexta-feira, 18 de maio de 2012

And the winner is... (1)

A decisão está tomada. Durante mais de duas semanas ensaiei o Adobe Lightroom 4 e o DxO Optics Pro 7. Retoquei dezenas de ficheiros RAW com ambos os programas, as mais das vezes com resultados inconclusivos - tal a qualidade de ambos. O que um fazia, o outro também podia fazer. E, por vezes, melhor. Os resultados foram inconclusivos nas primeiras duas semanas, e assim permaneceram até ontem.
O Lightroom não precisa de longas descrições: é a ferramenta que quase toda a gente usa, e os outros programas de edição de imagem imitam-no com um grau mais ou menos elevado de êxito. Com ele consegue-se o controlo completo da qualidade da imagem, e se esta piora depois de processada no Lr é porque o utilizador é inábil ou se excedeu no uso das ferramentas. Este não é um programa que transforme uma fotografia noutra coisa qualquer, como o CS ou o Elements, alterando por completo o espírito com que aquela foi feita; é um software que leva mais longe a qualidade da imagem, que pode ser corrigida de todas as formas, desde o equilíbrio dos brancos ao nível de ruído sem incorrer nos excessos da manipulação.
O Pro 7 é, na aparência, mais um clone do Lightroom, mas seria injusto reduzi-lo a uma mera imitação. Este programa introduz três benefícios importantes em relação ao Lr: a correcção automática das distorções da lente - desde que esta seja reconhecida pelo programa -, a correcção, também automática, das aberrações cromáticas (no Lr esta ferramenta está extremamente bem escondida...) e uma acentuação considerável da gama dinâmica, criando um efeito semelhante ao das imagens HDR. O seu grau de automatização garante, à partida, bons resultados, bastando clicar a imagem com a tecla esquerda do rato para comparar com a original e descobrir as diferenças: se a imagem original estiver sobre-exposta, o Pro 7 devolve-lhe a exposição correcta; o mesmo se a imagem estiver sub-exposta, ou se as cores tiverem luminância ou brilho a mais. Muitas vezes é possível processar a imagem tal como ela fica depois da correcção automática - tal a qualidade desta correcção automática; outras vezes, porém, os resultados são deveras frustrantes.
Um dos raros casos de êxito na correcção das altas luzes com o Pro 7
Ao ampliar a gama dinâmica, o DxO Pro 7 tem uma certa tendência para expor demasiado as altas luzes, sendo por vezes difícil corrigir este excesso sem obscurecer a imagem por todo. Apesar de ser possível controlar a intensidade global da imagem e, em particular, a da cor, o resultado é quase sempre fotografias com excesso de altas luzes. Apesar de ter contornado esta tendência nalgumas imagens, a regra é surgirem picos brancos extremamente altos no lado direito do histograma, as mais das vezes perigosamente próximos da banda direita deste último. É isto que se obtém quando toda a gama dinâmica está presente na imagem, o que pode ser bom, e muitas vezes o é - mas não quando se tem uma câmara que tende a ser excessivamente entusiástica com as altas luzes, como o é a E-P1.
Já que menciono a minha câmara, devo dizer que a correcção automática se baseia em algoritmos introduzidos de acordo com as análises que os DxO Labs fazem às lentes e sensores: as imagens são corrigidas em conformidade com os dados recolhidos naquelas análises, e o resultado é, as mais das vezes, muito satisfatório. Quando descarreguei a demo da versão 7.2.2 do DxO Optics Pro, esta ainda não continha algumas ferramentas para a E-P1, como a redução automática do ruído (e eu considero a redução do ruído a ferramenta mais importante de um programa de edição da imagem); ontem mesmo a DxO disponibilizou a versão 7.2.3, que já suporta integralmente a E-P1.
Original tratado com o Lightroom (acima) e com o Pro 7, e crops a 100% das áreas com mais ruído (clique para ampliar).
O resultado foi uma tremenda decepção: o nível de ruído é exactamente o mesmo que aquele que está presente nas imagens tratadas com a evolução anterior. Se há alguma correcção automática, esta é extremamente subtil e, em qualquer caso, não tem a flexibilidade do Lightroom. O que se nota é um nível de ruído menor, porque o Pro 7 faz um excelente trabalho ao restituir luz às zonas de sombra onde o ruído produz os seus efeitos mais nocivos, mas o ruído retorna quando se aumenta o nível dos pretos ou o raio das sombras. Talvez esta presença inelutável do ruído seja o resultado de uma diferença de concepção: não excluo que a DxO entenda ser preferível manter algum ruído em benefício do pormenor, em lugar de o reduzir como o faz o Lightroom quando se corre o botão da redução do ruído de luminância demasiado para a direita. O nível de pormenor das imagens automaticamente corrigidas pelo Pro 7 é de fazer cair o queixo - esta é, indubitavelmente, uma das maiores vantagens deste software -, e admito que a DxO entenda ser preferível manter este nível de resolução em lugar de o diminuir com um filtro de ruído demasiado invasivo, como o faz o Lightroom. É possível que, se tivesse uma câmara com um nível de ruído inferior ao da E-P1, os resultados da correcção fossem muito mais satisfatórios, mas aquela é a minha câmara e não posso basear a minha escolha em critérios hipotéticos. A impossibilidade prática de corrigir as altas luzes e a redução do ruído insatisfatória afastam-me de um programa que, uma vez ponderados todos os factores, é altamente recomendável.
Ao experimentar a evolução 7.2.3, dei-me conta de uma anomalia: ao tratar uma fotografia nocturna, dei-me conta do aparecimento de pontos luminosos nas zonas de sombra. Embora o software elimine automaticamente os pixéis mortos, estes pontos persistiram. Já me tinha dado conta do aparecimento ocasional de manchas de pixéis coloridos enquanto tratava imagens (o que também me aconteceu uma ou duas vezes com o Lightroom), mas estas manchas desapareciam com a conversão em JPEG; os pontos luminosos que me apareceram ontem, porém, também são visíveis nos JPEGs, pelo que poderemos ter aqui um bug qualquer. Em todo o caso, esta anomalia deu-me vontade de desinstalar imediatamente a demo. (Continua)   

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